segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Encontros (para Rafa F.)

Encontros, nada mais,
Regem-nos caminhos até desiguais
Para chegar além-mar
Para chegar a contemplar
Teu olhar...
Compreensão do absoluto
Redenção
Som que entra pela casa
Espalha dom,
Voracidade sutil
As notas, as cordas,
Os olhos, as mãos.
O toque leve,
O beijo, o riso.
Esteve aqui sempre
E eu não compreendia
Esses caminhos solitários
Vejo claramente
Onde iriam dar:
No teu olhar
Encontros totais,
Nada mais
É o que me basta.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sopro de vida: (à Clarice L.)

Não quero pensar o pior,
mas minha mente entrevê por entrelinhas
Lê pensamentos em desordens oníricas
Insistentemente expulso esses maléficos “haveres”
Hão de retornar à lua
Hão de me tirar o sono por um tempo
Hão de me fazer chorar um dia
Lembro o que o tempo ainda não disse
Lembro da bagunça que é o meu ser:
Aquilo que era único
Anuncia-se como um “apenas isso”
E o que era “meramente”
Causa devastação
Estou num dilema inquietante
Entre viver e recordar a vida
Entre o sim ao instante
E o não causado pelo passado
E pelo absurdo do futuro
Quero apenas cantar
Apenas rir e chorar,
Nada nadar
Vulnerável tal qual sou
Adianto os passos para não perder o trem
Dentro de mim não manda ninguém
Nem lei, nem “mé”, nem ele, nem eu
Por acaso, vim a estar
Estando a procurar incessantemente
Palavras que preencham essa questão...
O niilismo não responde
A totalidade menos,
as palavras, as coisas, pessoas
Gratidão, ícones, deuses, copos d’agua, sede,
Desertos são os canais que fluem
Para expulsar esse ser contido
Pelas células dizem ola!
Pelos poros e canais avançam os sinais
Atropela-me a vida
Começo a respirar.