domingo, 29 de março de 2009

Hoje econtrei o meu ser andando pela rua. Mente aberta perguntei-lhe: porque fugia tanto assim de mim? Ele retrucou que na via da fé tudo era ilusao. Nao acreditei muito nele. Mas senti em seus olhos azuis reluzentes um "SIM" à vida. E só unicamente por conta disso, quis unir-me a ele. Quis entregar-me como amante. Quis transmutar-me num outro ser, que sou eu mesma.
Variantes nao encaixam, a casa esta em ordem agora.
Visto minhas roupas espalhadas pelo chão. Observo as ondas que ele diz serem finitas embora sempre retornem pro mesmo lugar que é a imensidão. Os legumes vivos e o peixe simbolizando o sagrado. Estamos unidos para sempre, embora nossa relaçao seja finita. Não sabemos do amanhã. Que bom esse dia!
Que bom encontrar amores! Que bom fazer poesia!

terça-feira, 24 de março de 2009

Eu tinha uma historia tão bonita para contar
Era uma fazenda, um expressionismo surreal
O doce vira sal
Nossos corpos nus trepidavam pelas garras de veludo
Qual seria a cor?
Qual era o acordo que acordaria pra vida?
Nostalgia é o que padece a alegria
Sussurros ventanias nos ouvidos
Mas o dia é quente como estrangeiro de Camus
Ferve o deslize debaixo do ventilador
Olho pro céu escaldante e penso
Que sentido tem o movimento das coisas?

segunda-feira, 23 de março de 2009

Acorde! acorde!

Como é difícil viver! E quanta graça há na vida! Quanta gratidão por estarmos aqui ó Deus? Quanto serei eternamente grata às pessoas inimigas! Quanto tenho de aprender com elas, a me olhar nos olhos dos outros, dos diferentes?
Olhar para si mesmo é escuro, e quem atravessa essa escuridão sabe que alem dela há uma demanda enorme de vazio perfeito. Não aquele do niilismo nietzchiano, mas um vazio que só se contempla ao diminuir o fluxo de pensamentos.
Como racionalizar o que não se diz em palavras? Constelações, sonhos, alucinações? Vagamos pelo mundo pela busca do autoconhecimento, mas quem são essas pessoas que bocejam nos trens urbanos? Quem são essas pessoas que cortam com a faca a cebola, o alho, o arroz? Quem são essas pessoas que percebem vento, branco, preto, azul? Que sentem o frio erguer os pêlos do braço?
Quem somos nós senão detalhes, sementes, sutilezas escondidas sobre a grande questão: “quem sou eu?” Se soubéssemos daríamos risadas! Se soubéssemos viraríamos crianças que balbuciam. Rastejaríamos pelo chão por toda a nossa ilusão de ter perdido tanto tempo matutando sobra o nada.
O solo, as pedras, a terra confortar-nos-ia nessa angustia. Mas o riso continua na face, e nada de mal pode ultrapassar-lhe. Nem a noite de insônia, nem o relógio que dita as horas de acordar. Nosso horário estaria em abster-se do Tempo. Já é tempo de despertar! Já é vazio esse caminho sem espaço, já é em nada que pisas. Nem ondas sonoras, nem vibrações cósmicas, nem OM, nem UM, nem nada que possa suscitar acorde.
Acorde!

domingo, 22 de março de 2009

Transmutações

Hoje o almoço é sem alho e cebola. Experimento gengibre, paladar novo. Quantas novidades virão? Ainda é cedo e a angustia me pega de supetão, quero experimentar muitos sabores e massagens.
Quero transmutar-me num ser ainda inexistente, sentir o gosto do amargo e do contente. Dos sorrisos esbeltos metálicos. Quero da flor meus cabelos grisalhos, biscoitos amanteigados de novelas de Helena.
Quero tirar folga na segunda feira. Uma manga verde, um tacho de doce de banana, abobora. Frutas locais.
A gasolina comendo o carro na estrada. Presidente Bush sendo rechaçado a sapatadas. Quero o encanto de ainda estar livre, mesmo na eterna ilusão de Maya.
Da beleza da vida quero palavras amigas, sinceras, cantinhos aconchegantes. Estar plena e serena na certeza de que a verdade é inatingível. E que, no entanto somos sagrados em nossa pequenice.
Pensamentos modernos não me afligem, quero beber dessa fonte somente o que me for de vida. Fora dela estou num canto a ouvir boas canções. Não em sala de espera, mas na redenção completa da maturidade sincera.
Acobertado pela possibilidade de dor, a instabilidade de mente diminuir e assim conquistar pequenos vastos passos na vida terrena.
Desejo amor sincero. Elegância e atitude. Mesmo silenciosa. Mesmo calando-se na hora certa de calar-se.
Há tanto tempo tinha paixão. Hoje choro descabida a falta de motivação. Mas ainda desejo a caixinha esperançosa de Pandora. Ainda tenho forças que não conheço em mim. Ainda sinto presente um imensurável amor pelo mundo, por mim, pela natureza, e pela consciência acima de tudo.
Quero lembrar que somos sempre UM. E esquecer nossas desavenças. E esquecer nossa pequenez, nossas intenções erradas. Saudar Dionísio em sua plenitude fantástica, magnífica e orgástica! E ainda aprovar a nossa ética, que nos torna cada vez mais humanos.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Para que servem os professores?

Para que existem professores?
Osho tem uma resposta muito interessante para a pergunta. Diz ele que há tempos atras a profissao de professor era tao estimada quanto qualquer outra profissao. O professor era tao cogitado a ponto de um aluno andar leguas para ir em busca de seus ensinamentos. A sala de aula era um lugar sagrado, no qual os alunos bem sabiam que estavam ali para aprimorar e direcionar os seus conhecimentos.
Aí eu me pergunto: será possivel pensar dessa forma hoje em dia quanto a educaçao estadual?
-IMPOSSIVEL! (todos diriamos)
Mas a astucia e o jogo de cintura de um professor nao deve jamais se reduzir às inumeras tentativas frustradas de silenciar a turma. Primeiro porque é preciso buscar a veracidade daquilo que se ensina, e segundo porque os alunos nao estao ali para serem silenciados, mas para saberem caminhar com suas proprias pernas.
Donde, toda vez que vejo um professor se esguelando para tentar conter uma sala de alunos, tenho em mente que esse professor nao esta no seu devido lugar no mundo. É um ser que ainda nao se encontrou, e como tal, jamais deveria ocupar tal cargo.
Ser professor exige paciência, sinceridade, benevolência, e acima de tudo humildade. Esses são prerequisitos basicos para qualquer um que se sujeite a essa profissão de risco.
O individuo que, irresponsavelmente, escolhe essa profissão apenas para tirar o seu sustento, em nada poderá contribuir com o verdadeiro significado da palavra Educação. E isso bem serve para aqueles que acreditam que um sujeito educado é aquele que é quieto e polido. Pois a raiz que dá forças às bases educacionais esta no encontro do individuo com ele mesmo, e principalmente com o Outro.
Se não houver espaço para a desordem, como haverá a ordem?
Se nao houver espaço para o banal, como haverá o sagrado?
Se nao houver espaço para o cotidiano, como buscar verdades eternas?
Sou a favor da educaçao livre, da liberdade de expressão do aluno, e da não condenação dos atos ilícitos. É desse Caos que muitas vezes surgem os Grandes homens.

domingo, 15 de março de 2009

Hoje, ao ler Platao, fiquei atônica e cheia de crenças no mundo das ideias... A Teoria das reminiscências realmente faz muito sentido! Estamos aqui para recordar de algo que nossa alma já sabe!
Isso me soa algo muito certo e indubitavel. Haverá alguem que discorde disso? Não parece que Sócrates ao tentar provar por A+B a veracidade dessa teoria, tambem se utiliza de sua maieutica e ironia? E que constata atraves das nossas associaçoes à imagens semelhantes e dissemelhantes aquilo que tanto queria provar: que o nosso intelecto opera atreves dos iguais e desiguais, e que nossa alma ja tem conhcemento previo, mesmo que sem sabê-lo, dessas ideias?
Existe uma relaçao latente nessas teorias entre pensadores como Pitagoras, Parmenides, Platao, e culmina com o pensamento Antroposofico de Steiner?
A alma é imortal. Teorias misticas que podem e devem ser comprovadas cientificamente.
Ouvir a canção de Mingus soa feito reza que purifica todos os momentos esquisitos e mal resolvidos. É como se Deus perdoasse a todos os danos causados pela humanidade e lhe outorgasse mais um crédito de esperança.
As belezas das notas suaves entoam canções divinas. A vida nesse vento de ventilador parece mais simples e pura. Tudo que eu buscava estava contido nesse momento sublime de pura lucidez. Meus parcos cabelos esvoaçam pelo ar temporal desse aqui e agora.
Ondas magnéticas suaves recolhem do sal do mar a vista mais bela e profunda do ser humano. Tal pela sua banalidade e supremacia do cômico ao sagrado. Tal pela nossa ignorância abençoada pelos saltos contentes no oceano da vida.
Aumento o volume, repito a canção. Ela penetra meu ser pelos ouvidos, recolhe todo o mal e lava a alma. A água feminina do liquido amniótico paira pela via estreita desse pesar constante em tua pessoa. Acordo e penso novamente que não é um sonho ruim. É um deus brincalhão que ri atrás dessa nossa angustia divina. A divina comedia é amar.
De tão cômico a vida se refulgia nas solidões. Mas dessa eu bem entendo e posso falar com todas as palavras precisas. Ser só é bastar-se a sim mesmo. Ser só é frio, enquanto esse calor vem do nada. Vem do vento sem origem. Vem do mar pulsante e da cambaleante dança.
Se há fingimento nisso tudo, participo coerentemente e jogo as pernas para o alto. Não quero sofrimento nesse estar envolto por essa musica. Não quero pressão, nem aperto de Mao. Quero apenas acariciar-me de notas suaves. De entonações rítmicas que fervem meu ser nesse liquido fluente. Nessa corrente, nessa maré.
Nada artificial pode pairar por sobre essas ondas sonoras. Nada plástico ou mecânico nos salvará. Mas quem tem alvará para tocar depois das onze? Quem é livre sem tempo e espaço? Quem nesse regaço descansa para ouvir um bom jazz? E canta mesmo com dor, e entoa belas melodias com o profundo amor?
O oceano está nessa musica. A magia que surge dessa abertura para o Ser. Dessa possibilidade se fundar, e mesmo que não seja possível haver paz, haja, ao menos, boas canções para regozijar-nos a alma.
Sol favorito entre as náuseas angustiantes dos tempos frios e calados.
Daí ponderação nesse precipício que se anuncia abrupto
Queremos o tédio no fim do mundo?
Suspeito dizer nada ao alem,
Sentido desnecessário, a menos para a escrita
Ordinária porem bonita
Um poeta que não sabe escrever
Um filme pornô que passou na TV
Conecto as idéias
Teço fios em neurônios
Geração X
Suspiro o ar das negras horas de néctar vazio
Enlouqueço a espera
Deixo-a envolta em nevoa
Despida de mim,
Me ponho no armário
Saio pela rua
Leio o jornal, as noticias precárias
A fadiga da vida se lastima
Dos meus sonhos abarrotados
O jornal! O jornal!
As paredes úmidas da garoa
Um sopro, um vento frio e triste
Solidão da janela aberta
À noite a sombra se esboça em mim
Não fumarei
Não entrarei em devaneios loucos
Não me suicidarei na calada repentina
O amor é uma fruta suculenta
Quando o que restam são sementes
Diga Zago: Eu Flor!
Se a dor se instala tem uma causa
Meu sonho de hoje mostrou nossas mãos dadas
Sua mãe dizendo um conselho, um amigo distante
E nossas mãos dadas
O mais interessante é querer curar o que o sonho não quer apagar
Por mais que me esforce
Meu inconsciente é inconsistente pra tentar esquecer
Pelo menos pela minha via
Somos uma mão única da mesma rua
Não dá em outro caminho
Por mais que tentemos atravessar
Uma pedra na garganta
Uma poeira nos une ao acaso
Nossa incompreensão, nossa distancia nos separa por milhas e léguas
Nossas vidas divergentes, porem nossa musica sublime
É o que nos une ao eterno
Penso que quando morrer pensarei somente em você
A única lembrança que quero levar pra eternidade
O único amor verdadeiro que mastigo todo dia
Que criei, e foi criado antes de mim
Aquele que foi, que é e sempre será.