segunda-feira, 23 de março de 2009

Acorde! acorde!

Como é difícil viver! E quanta graça há na vida! Quanta gratidão por estarmos aqui ó Deus? Quanto serei eternamente grata às pessoas inimigas! Quanto tenho de aprender com elas, a me olhar nos olhos dos outros, dos diferentes?
Olhar para si mesmo é escuro, e quem atravessa essa escuridão sabe que alem dela há uma demanda enorme de vazio perfeito. Não aquele do niilismo nietzchiano, mas um vazio que só se contempla ao diminuir o fluxo de pensamentos.
Como racionalizar o que não se diz em palavras? Constelações, sonhos, alucinações? Vagamos pelo mundo pela busca do autoconhecimento, mas quem são essas pessoas que bocejam nos trens urbanos? Quem são essas pessoas que cortam com a faca a cebola, o alho, o arroz? Quem são essas pessoas que percebem vento, branco, preto, azul? Que sentem o frio erguer os pêlos do braço?
Quem somos nós senão detalhes, sementes, sutilezas escondidas sobre a grande questão: “quem sou eu?” Se soubéssemos daríamos risadas! Se soubéssemos viraríamos crianças que balbuciam. Rastejaríamos pelo chão por toda a nossa ilusão de ter perdido tanto tempo matutando sobra o nada.
O solo, as pedras, a terra confortar-nos-ia nessa angustia. Mas o riso continua na face, e nada de mal pode ultrapassar-lhe. Nem a noite de insônia, nem o relógio que dita as horas de acordar. Nosso horário estaria em abster-se do Tempo. Já é tempo de despertar! Já é vazio esse caminho sem espaço, já é em nada que pisas. Nem ondas sonoras, nem vibrações cósmicas, nem OM, nem UM, nem nada que possa suscitar acorde.
Acorde!

Nenhum comentário:

Postar um comentário