sexta-feira, 18 de outubro de 2013

As Mãos

Minhas mãos que eu nunca vira,
quando apareceram-lhes as unhas
deformadas de tanto serem roídas
e corroídas pela vida,
já estavam velhas e calejadas...
Como o é o corpo,
como o é a vida física.
Tinha rugas, linhas que
nem sequer tinham sido 
escritas e lidas
no plano da percepção.
E tudo isso, quando vi a mão...
Vi a minha alma.
Sem quiropraxia, nem magia,
mas na leitura da carne,
sob a luz do dia.
As mãos que tanta sensação 
já tiveram.
Ah mãos que tentam segurar o tempo,
querendo prensá-lo,
comprimi-lo no instante,
para que seja eternamente liso,
pra que seja eternamente vivo,
feito grilhões para o fugidio
tempo da carne.

domingo, 29 de setembro de 2013

Ser Crístico

Olho nos teus olhos,
entendo a tua angústia...
Ó olhos dos suplicantes!
Uns suplicam alimento,
outros, a Justiça,
outros, de tanta ignorância
sequer suplicam coisa alguma.
Mas, na alma de todos nós
jaz a angústia de um Ser,
viajante no tempo que passa,
e no tempo que inexiste.
E assim, o ciclo se complementa
em movimento espiralado.
Ser Crístico é olhar nos olhos,
é compreensão à todo custo,
mesmo na angustia mais amarga do coração.
Porque Cristo só pode nascer no coração das pessoas.
É  o que une o Ser consigo e com o Outro,
que esta para além do tempo,
que se transforma em flor, em borboleta
mesmo passado por semente e casulo.