sexta-feira, 18 de outubro de 2013

As Mãos

Minhas mãos que eu nunca vira,
quando apareceram-lhes as unhas
deformadas de tanto serem roídas
e corroídas pela vida,
já estavam velhas e calejadas...
Como o é o corpo,
como o é a vida física.
Tinha rugas, linhas que
nem sequer tinham sido 
escritas e lidas
no plano da percepção.
E tudo isso, quando vi a mão...
Vi a minha alma.
Sem quiropraxia, nem magia,
mas na leitura da carne,
sob a luz do dia.
As mãos que tanta sensação 
já tiveram.
Ah mãos que tentam segurar o tempo,
querendo prensá-lo,
comprimi-lo no instante,
para que seja eternamente liso,
pra que seja eternamente vivo,
feito grilhões para o fugidio
tempo da carne.