segunda-feira, 23 de novembro de 2009

VER SEM OLHAR:

Um friozinho na barriga me consome
A densidade do instante causa rebuliço,
Borboleteando o estômago
Vimos partículas cintilantes a beira mar
Caiam serenas, tranqüilas.
Como que sem saber de nossa angústia
Como que sem pesar em nada
Caiam suaves, sob a luz que preconizava a chuva.
Como pequenos seres que sumiam diante da vista
Estrabismo é que era bom
Pra enxergar a dança dos átomos.
Era bom olhar sem reter a retina em nenhum lugar
Sem fadiga, sem mira.
Consolam-se as partículas apenas ao esvoaçar
Assim também é o que sinto
Assim também é o que somos
Ou ao menos deveríamos ser,
Se não olhássemos tanto a nossa volta
Com olhos de quem quer reter o momento
De quem quer parar o tempo
De quem quer tocar o que não tem tamanho
De quem quer ver sem olhar.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Erros de Eros


O amor é a maior morte vivida em vida.
Sombra que jazz na carne e na alma
Gruda nas veias, entope canais.
Presente no suor,
Tal como no alivio
Um suspiro alucinado
Estar fechado na jaula
Com as chaves do lado de dentro.
Clama por socorro!
Um foco especifico
Da lente universal
Movimento de água e sal
Manhã noturna sem inicio e sem fim
Esta em todos, esta em mim.
Mesmo a quem não ame
Mesmo a quem não chame por Eros.
Concebido no nascimento de Afrodite
Ele insiste em tocar-nos as pálpebras
Flechar os corações
Tirar-nos o sossego
Mesmo a quem sofra
Mesmo a quem tem o “não” contido na boca
O abstrato te envolve feito papel de maçã
Teus galhos engolem a árvore da vida
Sugando a seiva
Sem tirar nem por nada em troca
Por ti amor,
Clamam os poetas, os sofredores, os felizes, os que choram, os que nascem e morrem, os seres divinos, ninguém lhe escapa a sorte.