sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Retratos em dias ensolarados:

Vi retratos e imagens de um cotidiano praiano.
Crianças com chuquinhas no cabelo
A delicia de um milk shake de chocolate aos olhos da adolescente
As cores pulsantes da bicicleta e da roupa da senhora
O sol entre as nuvens parcas
A cidade agitada pelo feriado
O trabalho de uma sexta,
Engavetado no precipício do fim de semana
Todos pedalam para a morte no fim
E todos vivem costumeiramente tecendo
Essa condução não verbalizada
De imagens múltiplas, facetadas, enraizadas
No povoado daqui
Quando não há chuva, reina alegria
E todos preservam esse semblante
Não é comum alguém reclamar da vida
E mãos a luta!
A lua ajuda aqueles que sentem a maresia entrar
Pelos vãos do alumínio dos aros
Disparos dispares harmonizam-se em festa
Reino lunar, entrego minhas armas ao mar!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Da filosofia indiana, Platão e Gurdjieff:

“Quem é o Homem?”
                                                                    
Na necessidade de se compreender a essência do homem, e assim descobrir onde esta a sua potencialidade. Alguns pensadores extraíram esquemas para que possamos traçar esse caminho.
Podemos partir do pensamento de pensadores indianos, que originariamente seriam os precursores dessas teorias acerca do homem, e em seguida trazer os conceitos desenvolvidos por Sócrates e Platão na Grécia antiga e por fim chegar aos esquemas de Gudjieff, sábio pensador russo contemporâneo.


Nas filosofias indianas Samkhya (+/- 5000a.c) e Vedanta (+/-VIId.c) o ser humano esta constituído por três corpos: Físico, Sutil e corpo Causal.
  • Corpo físico: formado por carne, osso, tecidos, células, moléculas e átomos; camada feita de alimento. (vigília)
  • Corpo Sutil: formado por energia, pensamento, prana (energia vital), permitem o homem refletir, interpretar, conhecer.(sono com sonho)
  • Corpo Causal: é o que da sentido aos demais corpos. É o receptáculo da alma individual (atman) (sono sem sonho), corpo da bem aventurança.

Esses copos são chamados de Koshas, ou seja, envoltórios, ou camadas, inerentes a todos os seres humanos. Do corpo físico ao corpo causal à uma barreira transponivel apenas pelo grau de conhecimento do sutil, por isso, o estudo desses corpos chama-se Anatomia Sutil. E através deles podemos ter uma enorme abrangência de estudos correlativos, tal como o estudo desenvolvido nos Vedas sobre a medicina (Ayurveda) e sobre os princípios morais e éticos para se alcançar a essência do ser humano.


As origens do universo segundo os Vedas:

É muito interessante notar que, segundo essas correntes filosóficas (Samkhya e Vedanta), há uma forte crença de que o mundo teria se originado a partir de um som primitivo: o OHM. Esse som foi feito a partir de uma manifestação do que os indianos chamam de Purusha, ou seja, do eterno e imutável (o observador eternamente presente em tudo).
Esse som afeta Purusha causando-lhe instabilidades, que por sua vez, originaram a Prakrti (mutabilidade, aquilo que é visto, a mãe natureza do cosmos).
A Prakrti entra em desequilíbrio, manifestando seus Gunas (atributos da natureza).

Os Gunas são:
  • Sattwa: equilíbrio, virtude, bondade, harmonia, estabilidade, contentamento.
  • Rajas: energia, agitação, atividade, busca de uma meta ou fim que lhe dá poder.
  • Tamas: inércia, escuridão, força da gravidade, ignorância e ilusão.


Platão (427- 348 a.c):

A cidade ideal de Platão foi desenvolvida em seu livro “A Republica”, onde o filósofo expõe não apenas o conceito de cidade justa e perfeita, mas um esquema complexo sobre o funcionamento do ser humano como um todo.
Se houver uma cidade justa e perfeita, ela deve ser constituída por indivíduos também justos e equilibrados dizia Platão.  É interessante ressaltar que na época de Platão, a Cidade-Estado de Atenas era o berço da democracia, que embora teoricamente deveria  ser governada pelo povo, era muito mais conduzida pela centralização do poder nas mãos dos poucos considerados cidadãos e principalmente os sofistas que detinham o poder da palavra através do uso da retórica. Donde havia inúmeros casos de injustiça e desigualdade social, tal como foi o caso de acusação de Sócrates.
Para compreensão do homem, Platão faz referencias indiretamente à filosofia Indiana (não sabemos ao certo se o autor teve ou não contato direto com esses povos), pois vai afirmar que o ser humano possui três almas:
·       Alma concupiscente: relacionada aos processos mecânicos do homem, tais como alimentar-se, dormir, reproduzir.
·        Alma irascível: relacionada aos afetos do homem, tal como seus gostos e aversões, seus ímpetos de ira, a vontade, os desejos.
·        Alma racional: a razão do homem, o equilíbrio, a ponderação.

Segundo Platão o homem possui as três almas, porem em alguns homens manifestam-se mais umas ao invés de outras. Ou seja, na maioria das pessoas há a sobreposição de uma alma sobra a outra (principalmente das almas concupiscente e irascível sobre a racional). O que seria a causa principal dos desequilíbrios humanos, das suas enfermidades.
É preciso, segundo Platão, que a alma racional prevaleça sobre as demais, para que não sejamos sempre escravos dos nossos instintos e desejos. Tal como sua cidade ideal deveria ser governada pelo rei – filósofo, guardada pelos guerreiros, e talhada pelas mãos de bons artesãos, cada um ocupando seus devidos cargos de acordo com suas aptidões e virtudes. Não havendo espaço para discórdia e desequilíbrio.


Gurdjieff (1866 a 1949):

Segundo esse sábio pensador russo, que dedicou sua vida a uma busca espiritual através da leitura de textos sagrados das diversas civilizações antigas, o ser humano é constituído por três mentes, ou centros:

·        Centro instintivo: controla as funções fisiológicas, tal como a digestão e respiração, a sexualidade. (abdome)
·        Centro emocional: relacionada aos nossos sentimentos. (plexo solar)
·        Centro intelectual: ocupa-se na construção de teorias e da comparação de uma coisa com outra. (cabeça)

Assim, para Gurdjieff existem basicamente três funções no ser humano: pensar, sentir e mover-se.
“(...) um homem devidamente equilibrado, trabalhando como deveria trabalhar, assemelhava-se a uma orquestra bem ensaiada, na qual um tipo de instrumento assumia a predominância num dado momento, outro tipo em outro, cada um deles contribuindo para que a sinfonia fosse executada (...)”. (trecho extraído do livro “Os Ensinamentos de Gurdjieff” de Kenneth Walker)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Sobre o nosso "sono"

Dormimos ao acordar. Ao comer, dormimos. Não percebemos o quanto nosso corpo se domesticou ao mundo moderno e industrializado, com seus metais pesados e farinhas enriquecidas de acido fólico, shampoos e sabonetes com espuma de Lauryl.
Dormimos por não questionar e não experimentar o diferente. Dormimos por achar que tudo no mundo esta pronto e acabado, e que a ciência ja encontrou todas as respostas às nossas angustias e necessidades.
Invariavelmente dormimos diante daquilo que nos é mais visivel, e que se mostra como causa principal das nossas piores enfermidades. Adoecemos ao dormir.
E ainda buscamos, feito crianças a procura de açucar, a cura, o metodo, o antidoto à essa lacuna deixada pela ciência. E isso, é claro, sem observar atentamente nosso próprio corpo, essa maquina perfeita. Ainda não despertamos para essa novidade eternamente presente.
Não observamos nosso ser silencioso, muito pelo contrario: tagarelamos ideias confusas e desnecessarias, dispersamos energias vitais, entregamos nossa essência à voracidade da digestão do açucar, dos carboidratos industriais e agrotóxicos.