domingo, 15 de março de 2009

Ouvir a canção de Mingus soa feito reza que purifica todos os momentos esquisitos e mal resolvidos. É como se Deus perdoasse a todos os danos causados pela humanidade e lhe outorgasse mais um crédito de esperança.
As belezas das notas suaves entoam canções divinas. A vida nesse vento de ventilador parece mais simples e pura. Tudo que eu buscava estava contido nesse momento sublime de pura lucidez. Meus parcos cabelos esvoaçam pelo ar temporal desse aqui e agora.
Ondas magnéticas suaves recolhem do sal do mar a vista mais bela e profunda do ser humano. Tal pela sua banalidade e supremacia do cômico ao sagrado. Tal pela nossa ignorância abençoada pelos saltos contentes no oceano da vida.
Aumento o volume, repito a canção. Ela penetra meu ser pelos ouvidos, recolhe todo o mal e lava a alma. A água feminina do liquido amniótico paira pela via estreita desse pesar constante em tua pessoa. Acordo e penso novamente que não é um sonho ruim. É um deus brincalhão que ri atrás dessa nossa angustia divina. A divina comedia é amar.
De tão cômico a vida se refulgia nas solidões. Mas dessa eu bem entendo e posso falar com todas as palavras precisas. Ser só é bastar-se a sim mesmo. Ser só é frio, enquanto esse calor vem do nada. Vem do vento sem origem. Vem do mar pulsante e da cambaleante dança.
Se há fingimento nisso tudo, participo coerentemente e jogo as pernas para o alto. Não quero sofrimento nesse estar envolto por essa musica. Não quero pressão, nem aperto de Mao. Quero apenas acariciar-me de notas suaves. De entonações rítmicas que fervem meu ser nesse liquido fluente. Nessa corrente, nessa maré.
Nada artificial pode pairar por sobre essas ondas sonoras. Nada plástico ou mecânico nos salvará. Mas quem tem alvará para tocar depois das onze? Quem é livre sem tempo e espaço? Quem nesse regaço descansa para ouvir um bom jazz? E canta mesmo com dor, e entoa belas melodias com o profundo amor?
O oceano está nessa musica. A magia que surge dessa abertura para o Ser. Dessa possibilidade se fundar, e mesmo que não seja possível haver paz, haja, ao menos, boas canções para regozijar-nos a alma.

2 comentários:

  1. eh incrivel como nao conhecemos uns aos outros ....quantas ideias e sentimentos que guardamos e revelamos qsouando apenas faz sentido. Na verdade admiro quem seja assim e agora te admiro ainda mais vizinha querida. Quem bom poder compartilhar da pessoa que voce eh!!! mil Carol

    ResponderExcluir
  2. que pedra!

    pelo menos nos boas canções
    se não não guento

    ResponderExcluir