Iê dá Terra
terça-feira, 17 de novembro de 2015
domingo, 22 de março de 2015
Aldeia Kariri Xocó, nossa Família!!!
Tivemos o privilégio de conhecer
nessa virada de ano pessoas incríveis da Aldeia Kariri Xocó, situada na cidade
de Porto Real do Colégio, no Estado de Alagoas.
Não há muitas palavras para
descrever o que há de tão único e mágico. Mas tentarei aqui esboçar um pouco do
que ali vivenciamos com esse povo que logo se tornou familiar para nós.
Pode parecer estranho, mas mesmo
que reconheçamos o valor da comunidade indígena na formação do povo brasileiro,
temos que admitir que pouco conhecemos realmente dessas culturas. Suas línguas,
suas crenças, danças, sua educação, seus rituais, etc.
Lá nos deparamos com uma tribo
com rica cultura ancestral, e que preservam seus conhecimentos até hoje. Existe
uma sabedoria latente que ultrapassa a compreensão do homem branco. São pessoas
de extrema sinceridade. Sinceridade entre eles, conosco (homens brancos), com a
natureza e com o espírito.
Sinceridade e coerência fazem
desse povo ancestral um grupo muito forte. Força que pode nos servir de exemplo
em tudo na vida. Sem deixar de pontuar a beleza de seus rituais, das suas
músicas, as Torés (cantos e danças sagrados) e os rojões (cantos de trabalho).
As canções foram o que me atraíram até eles.
Quando estávamos lá na aldeia,
ficamos sabendo que eles estavam lutando pela legitimação da posse de suas
terras. E agora que estamos do lado de cá, soubemos que passam por situações
difíceis, pois encontram-se acampados nas terras que revindicam, porém,
sofrendo inúmeros ataques e ameaças de posseiros.
A história do povo indígena no
Brasil tem sido lamentável, pois infelizmente, só conseguem ter acesso às suas
terras depois de derramamento de sangue indígena.
E justamente por se tratar de uma
cultura ancestral forte no Nordeste, gostaria muito de pedir a todos os amigos
que divulguem essa situação que eles estão vivenciando nesse momento. Precisam
de apoio, seja financeiro, pois precisam de alimentos no acampamento em que se
encontram, seja de apoio para divulgar o que lá ocorre.
Agradeço a todos que puderem de
alguma forma contribuir!
Que isso sirva a todos que de
alguma forma se sensibilizam com esse acontecimento. E que de alguma forma
acredita que o povo brasileiro ainda deve muito à comunidade indígena e sabe
que a luta deles é também a nossa luta!
Contato para contribuir:
Ieda Terra
Telefone:(12) 99649 8054
Cacique Pawanã
Telefone: (82) 9693 9209
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
As Mãos
Minhas mãos que eu nunca vira,
quando apareceram-lhes as unhas
deformadas de tanto serem roídas
e corroídas pela vida,
já estavam velhas e calejadas...
Como o é o corpo,
como o é a vida física.
Tinha rugas, linhas que
nem sequer tinham sido
escritas e lidas
no plano da percepção.
E tudo isso, quando vi a mão...
Vi a minha alma.
Sem quiropraxia, nem magia,
mas na leitura da carne,
sob a luz do dia.
As mãos que tanta sensação
já tiveram.
Ah mãos que tentam segurar o tempo,
querendo prensá-lo,
comprimi-lo no instante,
para que seja eternamente liso,
pra que seja eternamente vivo,
feito grilhões para o fugidio
tempo da carne.
domingo, 29 de setembro de 2013
Ser Crístico
Olho nos teus olhos,
entendo a tua angústia...
Ó olhos dos suplicantes!
Uns suplicam alimento,
outros, a Justiça,
outros, de tanta ignorância
sequer suplicam coisa alguma.
Mas, na alma de todos nós
jaz a angústia de um Ser,
viajante no tempo que passa,
e no tempo que inexiste.
E assim, o ciclo se complementa
em movimento espiralado.
Ser Crístico é olhar nos olhos,
é compreensão à todo custo,
mesmo na angustia mais amarga do coração.
Porque Cristo só pode nascer no coração das pessoas.
É o que une o Ser consigo e com o Outro,
que esta para além do tempo,
que se transforma em flor, em borboleta
mesmo passado por semente e casulo.
entendo a tua angústia...
Ó olhos dos suplicantes!
Uns suplicam alimento,
outros, a Justiça,
outros, de tanta ignorância
sequer suplicam coisa alguma.
Mas, na alma de todos nós
jaz a angústia de um Ser,
viajante no tempo que passa,
e no tempo que inexiste.
E assim, o ciclo se complementa
em movimento espiralado.
Ser Crístico é olhar nos olhos,
é compreensão à todo custo,
mesmo na angustia mais amarga do coração.
Porque Cristo só pode nascer no coração das pessoas.
É o que une o Ser consigo e com o Outro,
que esta para além do tempo,
que se transforma em flor, em borboleta
mesmo passado por semente e casulo.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Úmido Silêncio: assim o digo...
Se houvessem explicações, se houvessem flores maternais, serenas com gotículas de manhã, meu dia seria lindo.
Não fossem os sorrisinhos infantis pós aula de yoga, o dia estaria perdido no desabrochar do sol. Saiu tarde, quase esfumaçado pela névoa da chuva ainda úmida. Um dia, úmidos serão meus pensamentos, que hoje refletem jogos inertes, adormecidos por um sonho de uma noite mal dormida.
Sonhei que haveria tempos melhores. Sonhei que já sonhara antes e não tinha acontecido, mesmo que no sonho perdurasse a imagem da casa fosca, cinza, úmida. Por fora era uma reza sagrada, por dentro a casa da solidão, a realidade dos rodapés cheios de poeira.
Pensamentos poéticos quase dormentes, senão completamente entregues a essência da mãe divina. Sorri. Hoje o dia deu-me presentes nos sorrisos dos outros. Não era apenas o teatro que engole o cotidiano, mas o riso sem estratégia que se faz presente quando se ganha um presente sem saber o porquê.
Os erros do passado ficaram distantes, emoldurados num quadro já sem cor, sem vida. Mesmo que em sonhos estejam amedontrosamente cientes de si e do mundo que conspira ao seu caminho oposto.
Geléia de sal, dias em que o afeto esta no esqueleto das horas soníferas. Quase vulgar, porém sacro, áspero, porém rústico e contido. Balbucio palavras quase sem tomar conta do que digo. E se faz o sentido apenas pelo ritmo perdido das teclas, pela nuvem colérica que se foi embora e me deixou na solidão quase confortável do silêncio.
Não fossem os sorrisinhos infantis pós aula de yoga, o dia estaria perdido no desabrochar do sol. Saiu tarde, quase esfumaçado pela névoa da chuva ainda úmida. Um dia, úmidos serão meus pensamentos, que hoje refletem jogos inertes, adormecidos por um sonho de uma noite mal dormida.
Sonhei que haveria tempos melhores. Sonhei que já sonhara antes e não tinha acontecido, mesmo que no sonho perdurasse a imagem da casa fosca, cinza, úmida. Por fora era uma reza sagrada, por dentro a casa da solidão, a realidade dos rodapés cheios de poeira.
Pensamentos poéticos quase dormentes, senão completamente entregues a essência da mãe divina. Sorri. Hoje o dia deu-me presentes nos sorrisos dos outros. Não era apenas o teatro que engole o cotidiano, mas o riso sem estratégia que se faz presente quando se ganha um presente sem saber o porquê.
Os erros do passado ficaram distantes, emoldurados num quadro já sem cor, sem vida. Mesmo que em sonhos estejam amedontrosamente cientes de si e do mundo que conspira ao seu caminho oposto.
Geléia de sal, dias em que o afeto esta no esqueleto das horas soníferas. Quase vulgar, porém sacro, áspero, porém rústico e contido. Balbucio palavras quase sem tomar conta do que digo. E se faz o sentido apenas pelo ritmo perdido das teclas, pela nuvem colérica que se foi embora e me deixou na solidão quase confortável do silêncio.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Expansão da Linha do Tempo
Tenho pensado na vida antes da nossa existência. Existíamos?
Parece-me ao menos mais leve esse “não existir” antes da vida do que depois da morte. Deve ser o peso da palavra “morte”. Embora há quem diga que já houvesse vida, mesmo sem ser concebida.
Isso, esse pensamento, estendeu minha concepção de mundo. É como a linha do tempo que se divide em antes e depois de Cristo. Antes desse pensamento, parecia que só me havia o zero e tudo que vem depois dele.
Pareceu-me que os mistérios ficaram mais ricos e refinados com essa idéia. Para aquém e para alem do próprio mistério. Expandiu-se.
Parece-me ao menos mais leve esse “não existir” antes da vida do que depois da morte. Deve ser o peso da palavra “morte”. Embora há quem diga que já houvesse vida, mesmo sem ser concebida.
Isso, esse pensamento, estendeu minha concepção de mundo. É como a linha do tempo que se divide em antes e depois de Cristo. Antes desse pensamento, parecia que só me havia o zero e tudo que vem depois dele.
Pareceu-me que os mistérios ficaram mais ricos e refinados com essa idéia. Para aquém e para alem do próprio mistério. Expandiu-se.
O mínimo
Sempre durmo após as 24h, dormir é o que tem me dado conforto ultimamente. Mente cansada, vazia. Corpo desnudo, inconsciente de sua potencia. Queria tua palavra amiga, queria um olhar vadio, sincero, que atinge a existência, e lhe dá um susto.
Tudo esta calmo, mas de minha mente vaza, como um copo que transborda reticências... Sentamo-nos a mesa em silencio, tomamos café, e para nosso espanto nada faltava, mas havia um “mas”, um aquém, “mais”.
Dormir não era tarefa árdua, precisa, inesgotável fonte de mistério e vida. Uma taça de vinho para amortecer lábios, coluna, cabelos. Encontro-me sem palavras diante da vida. Embora queira defender horizontes, vejo que o mundo esgana aqueles que pensam demais. E eu penso demais, deveria ser um pouco menos. Assim não sofreria tanto.
Mas o que é o sofrer senão a passagem para um momento de lucidez? Não diria um momento que nos traz paz e felicidade, mas sim consciência. Até a felicidade é posta em questão.
Proponho aos meus alunos que pensem sobre a felicidade. Pensam em jogar futebol, em conviver com pessoas que amam, mas isso nos será suficiente? Penso que não... Não me contento com pouco. Não me desfaço na falsidade de frases prontas, não caio nas vírgulas que não nos fazem pensar.
Penso no mar, no motivo de estar aqui, e pouco desfrutar dessas delicias. Penso o quão sou privilegiada, mas enfim nada. Quero dar o mínimo ao mundo, mas que mínimo se quantifica? O que é pouco e muito em linguagem extra pessoal?
Incontinência. Por isso sonho, e lá me encontro , encontro o outro, e acordo novamente para mais um dia de fadiga. Desvontade.
Não compreendo o mundo, ele também não me entende. Embora me mostre simples. Não consigo caminhar sozinha.
Por isso quero ante a tudo que indica, escrever poemas, pensamentos às pessoas queridas, significativas, para passar o tempo, homenageá-las através de meus olhos turvos, agradecê-las. Eis o mínimo.
Tudo esta calmo, mas de minha mente vaza, como um copo que transborda reticências... Sentamo-nos a mesa em silencio, tomamos café, e para nosso espanto nada faltava, mas havia um “mas”, um aquém, “mais”.
Dormir não era tarefa árdua, precisa, inesgotável fonte de mistério e vida. Uma taça de vinho para amortecer lábios, coluna, cabelos. Encontro-me sem palavras diante da vida. Embora queira defender horizontes, vejo que o mundo esgana aqueles que pensam demais. E eu penso demais, deveria ser um pouco menos. Assim não sofreria tanto.
Mas o que é o sofrer senão a passagem para um momento de lucidez? Não diria um momento que nos traz paz e felicidade, mas sim consciência. Até a felicidade é posta em questão.
Proponho aos meus alunos que pensem sobre a felicidade. Pensam em jogar futebol, em conviver com pessoas que amam, mas isso nos será suficiente? Penso que não... Não me contento com pouco. Não me desfaço na falsidade de frases prontas, não caio nas vírgulas que não nos fazem pensar.
Penso no mar, no motivo de estar aqui, e pouco desfrutar dessas delicias. Penso o quão sou privilegiada, mas enfim nada. Quero dar o mínimo ao mundo, mas que mínimo se quantifica? O que é pouco e muito em linguagem extra pessoal?
Incontinência. Por isso sonho, e lá me encontro , encontro o outro, e acordo novamente para mais um dia de fadiga. Desvontade.
Não compreendo o mundo, ele também não me entende. Embora me mostre simples. Não consigo caminhar sozinha.
Por isso quero ante a tudo que indica, escrever poemas, pensamentos às pessoas queridas, significativas, para passar o tempo, homenageá-las através de meus olhos turvos, agradecê-las. Eis o mínimo.
sábado, 8 de janeiro de 2011
Teorias sobre o Silêncio
As palavras me fogem,
Dormem despreocupadas no sofá
Tendo o verão nos dentes
A máquina paralisada
Pelo descanso com hora marcada.
E as palavras correm
Dentro um sonho profundo
Brincam de pétalas,
Empinar pipa,
Pega-pega, esconde-esconde.
Brincam de esconder-se de mim
E eu fiquei muda desde então...
Quando em muito,
Podia dizer o que todos já dizem;
Sem muita reflexão.
Acho que quem anda ainda mais distante é a filosofia.
Arredia feito um cavalo indomado.
Mas o que seria da filosofia sem as palavras?
E o que são nossas palavras ditas sem peso?
Sem métrica, sem direção, sem contorno de si?
O silencio será mesmo o dono de tudo?
A música sem som,
Vento soprando em outras galáxias.
Respiração divina.
O Indizível...
Dormem despreocupadas no sofá
Tendo o verão nos dentes
A máquina paralisada
Pelo descanso com hora marcada.
E as palavras correm
Dentro um sonho profundo
Brincam de pétalas,
Empinar pipa,
Pega-pega, esconde-esconde.
Brincam de esconder-se de mim
E eu fiquei muda desde então...
Quando em muito,
Podia dizer o que todos já dizem;
Sem muita reflexão.
Acho que quem anda ainda mais distante é a filosofia.
Arredia feito um cavalo indomado.
Mas o que seria da filosofia sem as palavras?
E o que são nossas palavras ditas sem peso?
Sem métrica, sem direção, sem contorno de si?
O silencio será mesmo o dono de tudo?
A música sem som,
Vento soprando em outras galáxias.
Respiração divina.
O Indizível...
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Lágrimas Artificiais
Por entre nuvens longínquas,
O azul do céu interpõe-se anil
Quebra o silencio quase imbecil
Do meu olhar delirante,
Musica clássica revigorante
Estranhamente uma tarde me consome...
As roupas no varal;
Cheiros matriarcais.
A primavera dá seus primeiros passos
Rumo à minha incompreensão
Desse mundo gigante,
Desse Ser inconstante,
Que por hora chora
Sem compreender sentido algum
Sem trafegar em qualquer lugar
A lastimar pelo horizonte
A olhar pelos cantos vazios da alma
Sem achar, a estar, sem Ser.
A usar palavras repetidas
A cansar de ser humano
A reunir brechas para escapar
De mim mesma,
Para fugir no sonho fantástico
Pelo buraco do Sonoro devir,
Ate sentir essas pálpebras,
Palpar a polpa dos meus olhos
Sedentos de seiva,
A transbordar lágrimas artificiais.
O azul do céu interpõe-se anil
Quebra o silencio quase imbecil
Do meu olhar delirante,
Musica clássica revigorante
Estranhamente uma tarde me consome...
As roupas no varal;
Cheiros matriarcais.
A primavera dá seus primeiros passos
Rumo à minha incompreensão
Desse mundo gigante,
Desse Ser inconstante,
Que por hora chora
Sem compreender sentido algum
Sem trafegar em qualquer lugar
A lastimar pelo horizonte
A olhar pelos cantos vazios da alma
Sem achar, a estar, sem Ser.
A usar palavras repetidas
A cansar de ser humano
A reunir brechas para escapar
De mim mesma,
Para fugir no sonho fantástico
Pelo buraco do Sonoro devir,
Ate sentir essas pálpebras,
Palpar a polpa dos meus olhos
Sedentos de seiva,
A transbordar lágrimas artificiais.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Série: Lixeira Cósmica
Tenho guardado as dores.
Ficam seladas em cartas que ninguém lê,
Acho que nem foram escritas por ninguém.
A solidão, os desejos contidos, os sonhos não verbalizados,
As frustrações, a família, a desordem da vida.
Tenho guardado em caixinhas pequenas
Cada instante lastimável
E precisando de um Freud ou Jung
Ou melhor; uma Pandora,
E botar todas essas andanças pra fora
Todo o mal do universo
Em todos os versos.
O grande problema seria
Que mesmo colocando-as pra fora
Estariam mais dispersas do que nunca
Dominariam o mundo
E deixariam o mundo triste também
Ah como é danoso querer ser altruísta!
Assim como é egoísta aquele que sofre sozinho!
Ficam seladas em cartas que ninguém lê,
Acho que nem foram escritas por ninguém.
A solidão, os desejos contidos, os sonhos não verbalizados,
As frustrações, a família, a desordem da vida.
Tenho guardado em caixinhas pequenas
Cada instante lastimável
E precisando de um Freud ou Jung
Ou melhor; uma Pandora,
E botar todas essas andanças pra fora
Todo o mal do universo
Em todos os versos.
O grande problema seria
Que mesmo colocando-as pra fora
Estariam mais dispersas do que nunca
Dominariam o mundo
E deixariam o mundo triste também
Ah como é danoso querer ser altruísta!
Assim como é egoísta aquele que sofre sozinho!
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