quinta-feira, 23 de abril de 2009

Frescor

Um frescor atravessa meu ser pela manha e ao entardecer. Sussurros, ventos, sombras misteriosas do canto espiritual de mim. Tudo tem um sentido quando se preza o ritual. Nosso encontro traz “deixas” no ar. E não deixa nada a desejar. Não há desejo, só vontade de ser e estar pleno.
Como somos carentes de atenção! Como caímos diante do outro estupefatos pela ausência de carinho. Olhem para ele! Olhem para mim! Olhem ao redor! Contemplem a fragrância dessa umidade, do ser fleumático e melancólico. Dêem-lhe reverencia! Toda vida tem sua excelência! Mesmo aquela que veio ao mundo pela fraqueza...
Sinto as palavras passadas ainda pulsarem dentro de mim como uma reverberação ainda sem nexo. Vai criando forma sem pedir licença, vai se transformando em pensamentos avulsos, que ordeno em minha alma, ate amar esse sentimento novo. Ate formular frases e palavras que dêem vida ao que já passou. Lembrar o passado é uma forma de se tornar bondoso.
É com olhos de amêndoas úmidas que vislumbro como num filme o intenso fim de semana. Como se num pressagio o tempo não mais existisse, volto ate o mercado em que o vinho estava à espreita. À noite, a criança, a menina moça. A ausência de luz e a imensidão desconhecida que se interpôs sobre nós.
Sobreveio a nevoa, a audácia, o galanteio, a chuva e o ultimo fôlego de ar. O dia seguinte e outro, seguido de outro ate surgir o ultimo grão de areia na ampulheta. Quis parar o tempo. Chorei descabida em meu corpo, sentindo o conforto da náusea imperar, feito um dilúvio que inundava todos os espaços mais recônditos de meu ser.
Saboreei o sabor da vida em uma semana. Toda ela poderia acabar no meio da estrada de volta ao cotidiano. Toda ela tinha sido preenchida por completo! Nada mais poderia acontecer que fosse maior e mais singelo do que o amor.

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