terça-feira, 11 de agosto de 2009

São Miguel Arcanjo

Sob a neblina de Sao Miguel retomo as energias, ou as perco em meio as terras frias e umidas.
Estar aqui é pensar na energia que preciso armazenar.
Peguei um onibus, estava vazio. Para o fim do mundo somente eu posso ir. Li um livro em voz alta na estrada. Somente eu comigo mesma, as poltronas vazias, e o frio entrando pelas frestras das janelas do onibus velho. A lã da minha roupa aquecendo o pouco de calor que há.
As palavras de Steiner penetram-me a alma, entendo um pouco mais do espirito. Sinto-me acolhida pelos parcos raios de sol, observo a natureza do lugar. Os resquicios arbustos, as plantaçoes de cana, o povo humilde que vive nessas casas no meio do nada.
Cada parada do onibus, minha imaginaçao vai longe. Um senhor desce com algumas sacolas na mao. O que leva ele pra casa? Como sera seu caminho, seu destino? Como sei que ele tambem sou eu, fico tentando inventar um historia para o rumo da vida dele.
Observo as arvores de inverno, a terra boa pro plantio, as pessoas dessa regiao. Sao Miguel é uma incógnita.
Sua beleza esta na simplicidade. O Kitsch esta em dominando quase tudo. As casas, a arte, a musica, as ruas impregnadas de enfeites desnecessarios, sem propósito. E entao busco minha força nesse vazio.
Ao vizualizar ao longe a pequena cidade vejo encravada na terra meu nome, minhas paixoes, meus passos, vejo em cada pessoa que passou por minha vida nesse lugar. Vizualizo um mundo que agora esta encoberto de neblina e nostalgia. Um instante de purificação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário